domingo, maio 21, 2006

O luto


O luto é uma experiência angustiante mas comum. Mais cedo ou mais tarde, a maioria de nós vai sofrer a perda de alguém próximo. No entanto, no nosso dia-a-dia falamos e pensamos muito pouco acerca da morte, talvez porque hoje em dia nos deparamos com ela com menos frequência do que os nossos avós. Para eles, a morte de um irmão ou irmã, amigo ou familiar era uma experiência comum nos seus primeiros anos de vida ou durante a sua adolescência. Para nós, estas perdas acontecem geralmente mais tarde na nossa vida. Talvez por isso não tenhamos a hipótese de aprender a lidar com o luto - como nos faz sentir, o que devemos fazer, o que é "normal" acontecer - e de o aceitar.
À medida que o tempo passa, a angústia intensa resultante do luto começa a desaparecer. A depressão atenua-se e será possível finalmente começar a pensar noutros assuntos e até em projectos para o futuro. No entanto, o sentimento de perda nunca desaparecerá por completo. Depois de algum tempo, deve ser possível sentir-se de novo "completo", apesar de faltar sempre uma parte de si que nunca será substituída.
O processo de luto não é algo linear, muito pelo contrário, envolve uma série de etapas ou componentes sequenciais, que lhe estão inerentes.
As fases que compõem o processo de luto são:
· Choque – reacção inicial à perda do objecto (pessoa ou coisa significativa), na qual o sujeito fica “atordoado” com o acontecido.
· Negação – Mecanismo de defesa que a própria pessoa utiliza de forma inconsciente e que a leva a não acreditar ou a não querer acreditar no que aconteceu. Geralmente a pessoa usa expressões do tipo “Eu não acredito que isto me tenha acontecido”, “não pode ser possível”.
· Depressão – etapa em que a pessoa já teve alguma tomada de consciência do que aconteceu e por isso, sente-se frequentemente triste, chora intensamente, não tem prazer nas actividades, pensa recorrentemente acerca da morte e no ente falecido, isola-se. Estes sintomas se forem muito intensos e persistirem no tempo, podem ser sinal de uma perturbação de humor.
· Culpa – é um sentimento muito comum. As pessoas começam a pensar em tudo o que poderiam ter dito ou feito para impedir essa morte. Por outro lado, a culpa também como surgir em consequência do alívio pela morte de alguém que nos era muito querido mas que estava a sofrer. Por exemplo, morte de uma pessoa com uma doença terminal que estava num estado de sofrimento intenso.
· Ansiedade – está associada a um período de agitação e ânsia pelo que foi perdido. O sujeito muitas vezes deseja encontrar a pessoa falecida, mesmo sabendo que é impossível e pelo que, não consegue relaxar.
· Agressividade – em alguns casos, o indivíduo revolta-se contra a perda, isto é, sente-se muito zangado e irritado por estar a viver aquela situação. Este sentimento pode ser virado para si mesmo ou para os outros (por exemplo, para os médicos que não conseguiram salvar a pessoa amada, para Deus ou para amigos ou outras pessoas significativas)
· Reintegração –é geralmente a última etapa do processo, na qual a pessoa volta à “vida normal”.
Todas estas fases são sequenciais, mas isto não implica que a sequência seja linear como atrás foi descrita. Este processo irá variar de pessoa para pessoa, de acordo com as características e vicissitudes de cada um de nós. Sendo que, nem todos identificam a passagem pelas sete fases do processo, pelo que alguns apenas expressam algumas daquelas.
Fonte: Aqui

4 comentários:

Wisper disse...

Bem vindo de volta...

Anónimo disse...

ao ler este post lembrei-me do filme de ontem "A cidade dos anjos". Recomeçar é duro mas necessário. bjs

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
shark disse...

Olá
Wisper: já aqui estou, de volta à Capital. Beijinho

Abelha maia: é verdade, é muito duro recomeçar sou eu é que sei o quanto difícil é, mas com força e determinação acredito que um dia serei recompensado por todo este sofrimento e angustia.
beijinho e obrigado pelas tuas palavras.